Piometra

A hiperplasia cística do endométrio (HCE) induzida pela progesterona é a primeira lesão no desenvolvimento da piometra. A infecção bacteriana secundária ocorre na maioria dos animais. O acúmulo de líquido no lúmen do útero e glândulas endometriais, juntamente com a diminuição da contratilidade do miométrio causadas pela progesterona parece favorecer a invasão bacteriana. A maior parte da morbidade e mortalidade associadas com a piometra pode ser atribuída à infecção bacteriana secundária do útero normal.

O papel da progesterona na fisiopatologia da HCE-piometra tem sido investigado. A ocorrência de HCE e piometra após a administração exógena de progesterona é dose e duração-dependente tanto na cadela como na gata. A ocorrência de HCE e piometra tem sido descrita freqüentemente após a administração de acetato de megestrol e medroxiprogesterona a gatas intactas e parcialmente histerectomizadas.

Embora o estrogênio exógeno sozinho não provoque HCE ou piometra, ele potencia os efeitos da progesterona. Devido aos riscos de ocorrer piometra e a pobre eficácia na prevenção da gestação, os autores concluíram que os estrógenos não devem ser usados para prevenir a gestação em cadelas.

Os sintomas clínicos estão diretamente relacionados com a gravidade do quadro. Os sintomas gerais incluem depressão, anorexia, vômitos, diarréia, polidipsia (aumento na ingestão de líquidos) e poliúria (aumento na produção urinária). Estes sintomas não específicos com um histórico de exposição à progestina são sugestivos de piometra. O corrimento vaginal purulento está presente em 75% das cadelas com piometra. Variados graus de desidratação e depressão são encontrados ao exame clínico. Um corrimento vaginal purulento, freqüentemente contendo sangue, pode ou não estar presente. O corrimento vaginal pode ser intermitente ou constante, escasso ou copioso em quantidade. A temperatura retal geralmente esta normal. Os animais com septicemia ou endotoxemia podem estar hipotérmicos. Estes animais geralmente se apresentam em decúbito e em choque.

As lesões renais associadas com a piometra têm sido investigadas. Ocorre uma redução na capacidade de concentrar a urina, associada com a infecção bacteriana do útero, porém ela não ocorre associada com a manipulação hormonal, na ausência de infecção bacteriana.

A informação essencial para o diagnóstico e tratamento de piometra inclui histórico do estágio do ciclo estral e/ou terapia hormonal, e exame físico completo. A contagem sanguínea completa, urinálise, e o perfil bioquímico são necessários para detectar as anormalidades metabólicas associadas com a septicemia e/ou toxemia, e para a avaliação da função renal.

A radiografia abdominal e/ou a ultra-sonografia confirmarão a presença do útero aumentado. O diagnóstico diferencial mais importante para a piometra é a gestação. A aparência radiográfica do útero gravídico antes da calcificação fetal (cerca de 42 dias) é indistinguível da obtida quando há piometra.

Ambas possuem uma densidade líquida homogênea. A ultra-sonografia é muito útil para a diferenciação da piometra e gestação. Antes do dia 28, o diagnóstico de gestação com a ultra-sonografia nem sempre é preciso, porém a diferenciação entre a piometra e a gestação ainda é possível.
O tratamento de escolha para a HCE-piometra é a ovariohisterectomia.